A Pausa

Chegando ao final de um intenso ano de trabalho, transformações e descobertas faz-se pertinente um distanciamento da dinâmica que já vai se cristalizando. Por isso, nesses meados de novembro optamos por fazer uma pausa das atividades. Um tempo de reflexão para organizar a experiência, acolher a partida daqueles que construíram o grupo até aqui mas que agora precisam de seu próprio espaço, entender as proximidades e distâncias nas parcerias que continuam e também nas que vão se iniciando. Enfim, vamos pausar e trabalhar de forma humana e não roteirizada no acompanhar dessas mudanças que o coletivo vai vivendo. Às vezes, nessa dinâmica de trabalho louca, nessa emenda de projeto atrás de outro, de apresentação atrás de outra, sinto que uma ansiedade enorme é gerada, uma necessidade asfixiante de sempre ter algum novo coelho para tirar da cartola. Sinto também que uma dinâmica de trabalho padrão, encontros semanais de tal a tal horário, tantas vezes por semana, tantas horas por dia… por um lado criam uma cadência de trabalho, uma clareza, uma rotina. Por outro lado, essa rotina só faz sentido se houver a nutrição de um ritmo de cada um, se não fica inorgânica, fica mecânica, fica mais um compromisso na escala, um espaço que pesa na agenda. Não queremos isso. Vamos parar agora. Sem marcar futuras agendas. Vamos deixar que outros fluxos nos guiem para os passos a diante. Não é o fim do grupo. Mas talvez possa até ser. De novo e sempre é um exercício de dar espaço para que o desconhecido se encaminhe, para que a garoa aconteça. Não é preciso coreografar os pingos de chuva. Vamos confiar na dança das gotas.